Na segunda-feira (8), a juíza-ouvidora do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávia Martins de Carvalho, visitou três instituições de ensino na região metropolitana de São Paulo, conduzindo a última etapa do ciclo do programa STF na Escola. Em um só dia, conversou com turmas do ensino fundamental, médio e superior sobre cidadania, democracia, escolhas profissionais e os desafios da Justiça no futuro.
Em Osasco, ela esteve na Escola Estadual Professora Francisca Lisboa Peralta. Já em São Caetano do Sul, conversou com alunos do Colégio Universitário USCS e da Universidade de São Caetano do Sul (USCS).
Democracia, cidadania e direitos fundamentais
Na conversa com estudantes de 12 e 13 anos, Flávia destacou a importância do estudo e explicou conceitos centrais da vida em sociedade, como democracia. “A democracia respeita a individualidade das pessoas e entende que todos são iguais”, afirmou, reforçando que respeitar a maioria não significa ignorar os direitos das minorias.
Ela apresentou os princípios da República, diferenciou direitos de deveres e lembrou que a Constituição reúne as regras que garantem a convivência em comunidade. “Se você não conhece a lei, é fácil ser enganado”, disse, citando legislações como o Estatuto da Criança e do Adolescente e o Estatuto do Idoso.
A magistrada também abordou a liberdade de expressão, ressaltando que esse direito não deve ser confundido com agressão. “É importante pensar se o que eu vou falar ofende alguém ou é atentatório”, observou.
Os alunos quiseram saber quais casos chegam ao Supremo e como se dá a atuação do Tribunal. Flávia explicou que o STF atua sempre que há violação de direitos constitucionais e que sua função principal é proteger a Constituição.
Escolhas profissionais e múltiplos caminhos
Com adolescentes do ensino médio, Flávia destacou que as escolhas profissionais nem sempre são lineares. Ao lembrar que já cursou duas graduações e hoje também atua no campo da literatura, aconselhou: “Tirem esse peso de ter que escolher e acertar de primeira. Vocês podem gostar de muita coisa e poder fazer escolhas só é possível porque vivemos em uma democracia”.
Segundo ela, os jovens não devem se cobrar excessivamente nem temer mudanças de rumo. O importante é manter a dedicação e a coragem de enfrentar os desafios que surgirem.
A justiça do futuro e o futuro da justiça
À noite, em encontro com universitários de direito, Flávia apresentou uma reflexão sobre “a justiça do futuro e o futuro da justiça”.
A magistrada também abordou os impactos da inteligência artificial e das novas tecnologias, questionando o que ainda nos torna essencialmente humanos diante de tantas mudanças. “Ainda assim, o que vai nos caracterizar como humanos é errar. Errar é tipicamente humano”, refletiu.
Para ela, a Justiça do futuro precisa aprender a lidar melhor com os erros individuais e coletivos. “Nesse contexto, a Justiça deve aprender a olhar nos olhos das pessoas, a percebê-las de maneira mais plena”, avaliou.
STF na Escola
O STF na Escola é um projeto do Supremo Tribunal Federal que busca aproximar o Judiciário de estudantes do ensino fundamental e médio, de escolas públicas e privadas.
A iniciativa tem dois formatos: representantes do STF podem visitar instituições de ensino para apresentar temas ligados à Constituição, à democracia e ao funcionamento dos Poderes; ou grupos de alunos visitam o Supremo, em Brasília, onde conhecem as instalações, assistem ao início de uma sessão de julgamento no Plenário e aprendem sobre a história da Corte.
Na página do projeto, é possível acessar jogos on-line e solicitar a participação de escolas.
(Cairo Tondato/TV//AD)
