O papel social da informação foi ressaltado no painel “Educação midiática, comunicação inclusiva e divulgação científica no combate à desinformação”, realizado na tarde desta sexta-feira (15), no seminário “Combate à Desinformação e Defesa da Democracia”. O painel foi coordenado pelo professor Fernando Paulino, da Universidade de Brasília (UnB), e contou com a participação das professoras Janine Bargas e Thaiane Oliveira e do professor Marco Bonito.

Inquérito das fake news

Na abertura do painel, o ministro Gilmar Mendes falou, em vídeo, sobre o Inquérito 4781, instaurado pelo Supremo Tribunal Federal em 2019 para investigar notícias fraudulentas, denúncias caluniosas e ameaças contra a Corte e seus membros, conhecido como Inquérito das Fake News. “Apesar de algumas incompreensões iniciais, foi instaurado e hoje é incontestável que ele se tornou um relevante instrumento para a preservação da própria democracia no Brasil”.

Desertos de notícia

A professora da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre Janine Bargas apresentou os resultados da educação midiática em “desertos de notícia”, ou lugares sem veículos locais de informação. No Brasil, municípios do Norte e Nordeste são os que têm maiores regiões sem produção de conteúdo local. De acordo com a professora, pessoas que moram nesses desertos de notícias são mais suscetíveis à desinformação.

Estudantes que participaram do projeto liderado por Janine no Município de Rondon, no Pará, foram capacitados a produzir conteúdo local e, ao final, apresentaram “um senso mais apurado sobre a qualidade da informação”, afirma a professora.

Divulgação científica

A professora da Universidade Federal Fluminense (UFF) Thaiane Oliveira abordou a divulgação científica como política de Estado pela soberania nacional. Ela falou sobre como o ataque sistemático às universidades públicas diminuiu a divulgação da ciência brasileira. “O investimento na comunicação pública das universidades foi caindo ano a ano”, comentou. E, como consequência, houve a queda da divulgação do conhecimento produzido nessas instituições. “Sem comunicação, não é possível passar esse conhecimento adiante”.

Acessibilidade na mídia

O professor da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) Marco Bonito palestrou sobre acessibilidade comunicativa no combate às desinformações. Ele defendeu que a audiodescrição e a interpretação em Libras deveriam ser adotadas por todos os veículos de comunicação, porque as pessoas com deficiência sensorial estão mais vulneráveis à desinformação. “Quando a TV, o rádio, o jornal e a revista impressos, a internet e todas as mídias digitais não têm acessibilidade para essas pessoas, quem tem deficiência são eles”, pontuou.

Marco Bonito defendeu a importância da exigência do diploma de jornalismo para exercer a profissão. “Fazer jornalismo não é ligar microfone e sair falando. Jornalismo é ciência, e a maior prova de que isso pode dar errado é o que estamos vivendo ultimamente”, concluiu.

DR, RM//CF

 

Com informações do STF

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