rn Imagine folhear um processo com dezenas de volumes para encontrar uma única procuração. Ou ter que desviar de pilhas de processos amontoados pela sala até alcançar sua mesa de trabalho. Para não falar do desafio de decifrar informações em folhas manchadas de café ou roídas por insetos após anos e anos de tramitação do processo entre prateleiras, departamentos e instâncias da Justiça. Cenas como essas faziam parte da rotina do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e de todos os outros órgãos judiciários até pouco tempo atrás.
A realidade mudou, e o STJ se tornou o primeiro tribunal inteiramente digital do Brasil após passar por uma revolução que, agora, é contada ao público na exposição rn Do Papel ao Digital: os 35 anos da Corte Cidadã. A mostra apresenta a evolução do processo em papel para a era do processo eletrônico, por meio de três estações que retratam a transformação tecnológica da prestação jurisdicional até os dias atuais.
Simultaneamente à abertura da mostra, no início do mês, o tribunal inaugurou o Espaço STJ Memória, que conta com duas exposições permanentes sobre sua história e a do Tribunal Federal de Recursos (TFR). Instalado no lugar do antigo Museu do STJ, o espaço teve seu acervo renovado e reorganizado.
Essas iniciativas de resgate da memória do Judiciário, integradas à programação comemorativa dos 35 anos do tribunal, convidam o público não apenas a uma imersão na história, mas também a uma reflexão sobre os rumos da Justiça brasileira – num momento em que a incorporação de novas tecnologias, como a inteligência artificial (IA), otimiza processos de trabalho e promete soluções mais rápidas para o cidadão.
Clique na imagem abaixo para assistir ao vídeo produzido pela Coordenadoria de TV e Rádio do STJ sobre os 35 anos de evolução e transformação do tribunal.
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Cantinho "instagramável" de um passado não tão distante
Logo no início da mostra rn Do Papel ao Digital: os 35 anos da Corte Cidadã, organizada pela Secretaria Judiciária, o visitante tem a sensação de ser teletransportado para a década de 1990. Alguns objetos expostos podem ser estranhos aos mais novos ou a quem não é da área, como a sovela (peça usada para furar manualmente os grossos volumes dos processos e permitir que fossem costurados) ou a arqueadora (utilizada para unir os volumes de um processo), mas, até há pouco tempo, eles faziam parte do dia a dia do tribunal. Hoje esses itens são, literalmente, peças de museu.
A experiência não é só visual. É possível folhear um livro de acórdãos ouvindo os sons que ecoavam na corte, em uma sinfonia de instrumentos incomuns nos dias de hoje, como carimbos, perfuradores de papel, o tic-tac dos relógios usados para controlar o tempo das sustentações orais e as gaiolas cheias de processos que iam e vinham pelos corredores.
Antes de avançar na exposição, os visitantes podem levar essa atmosfera do passado para as redes sociais, em um cantinho "instagramável" composto por todos esses objetos, móveis antigos e pilhas e mais pilhas de processos em papel ao fundo.
Uso de novas tecnologias e reflexão sobre o futuro
A segunda estação da mostra apresenta a digitalização dos processos, que aconteceu a partir de 2009, com o apoio de 320 colaboradores surdos. Ao todo, a equipe de "silenciosos notáveis", como são conhecidos, já digitalizou mais de 1 milhão de processos, somando cerca de 300 milhões de páginas. Esse período foi decisivo para a materialização da última estação, dedicada à incorporação de sistemas eletrônicos que aperfeiçoam as atividades do tribunal, por meio de parametrização, automação e IA.
O ambiente futurista lembra a nave rn Discovery do filme rn 2001: uma odisseia no espaço. Assim como o filme do diretor Stanley Kubrick, a exposição faz pensar sobre o uso da IA, só que no âmbito da Justiça brasileira. Em vídeos, são apresentadas as ferramentas utilizadas atualmente – como o sistema Athos –, suas potencialidades e limitações.
O visitante, por fim, é convidado a refletir: como será o STJ daqui a 35 anos? Algumas respostas são fornecidas por personagens criados com ajuda da IA, a partir de depoimentos reais.
Espaço STJ Memória reúne documentos históricos
Sob responsabilidade da Secretaria de Documentação, o Espaço STJ Memória – repaginado com novos vídeos e elementos interativos – é um mergulho na história do tribunal. Estão lá maquetes e croquis do conjunto arquitetônico projetado por Oscar Niemeyer e de algumas das obras de arte espalhadas pela corte, de autores como Marianne Peretti e Athos Bulcão. O protagonismo feminino é ressaltado nas referências a Eliana Calmon, primeira ministra a compor o tribunal, e Laurita Vaz, primeira mulher a presidi-lo.
Entre as peças que mais chamam a atenção, estão dois habeas corpus dirigidos à corte que foram escritos por presos em pedaços de papel higiênico e de um lençol. A valorização de documentos como esses – com suas peculiaridades e seu caráter simbólico – demonstra por que o STJ é conhecido como o Tribunal da Cidadania.
O Espaço STJ Memória e a mostra rn Do Papel ao Digital: os 35 anos da Corte Cidadã contam com recursos de acessibilidade, como legendas nos vídeos e audiodescrição.
Exposições podem ser visitadas de segunda a sexta, a partir das 9h
As exposições estão localizadas no segundo andar do Edifício dos Plenários, na sede do tribunal. O Espaço STJ Memória pode ser visitado de segunda a sexta-feira, das 9h às 19h. A mostra rn Do Papel ao Digital: os 35 anos da Corte Cidadã está aberta durante todo o mês de abril, também das 9h às 19h.
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