Segunda edição do projeto promovido pelo TST contou com a participação de estudantes da rede pública de Brasília

Txai Suruí, Felipe Caetano e Aira Beatriz com o prêmio Gente que Inspira

Txai Suruí, Felipe Caetano e Aira Beatriz com o prêmio Gente que Inspira

1/8/2023 – Multiplicação. Esse é o fenômeno que acontece quando jovens falam para jovens. Meninos e meninas que conquistaram seu espaço ainda com poucos anos de trajetória educacional ou profissional. E todos têm em comum a vontade de fazer a diferença nas áreas que escolheram.

Esse desejo de fazer diferente e de mobilizar outros jovens em seus estados natais os trouxeram para Brasília para serem homenageados pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) nesta terça-feira (1º). 

A segunda edição do projeto Gente que Inspira premiou a cientista Aira Beatriz, o ativista no combate ao trabalho infantil Felipe Caetano e a líder indígena Txai Suruí. Para inspirar ainda mais a juventude, um grupo de 150 estudantes do Centro Educacional Médio nº 2 de Sobradinho (DF) foi convidado a ouvir mais sobre as trajetórias desses três jovens.

Segundo o presidente do TST, ministro Lelio Bentes Corrêa, foi justamente com o objetivo de ampliar o diálogo social que o Tribunal abriu suas portas para os alunos da rede pública da capital do país. “As instituições devem estimular a participação de vocês no processo de aprimoramento coletivo do ordenamento jurídico, social, cultural e institucional do nosso país”, disse ele ao grupo.

Aira, Felipe e Txai participaram de uma roda de conversa mediada pelo rapper e ativista cultural Rafa Rafuagi.

Persistência

Aira BeatrizAira Beatriz, nascida em Macapá (AP) e reconhecida por sua atuação como jovem cientista, destacou que, apesar de ter conseguido desenvolver sua pesquisa sobre o uso sustentável do caroço do açaí, enfrentou muitas resistências e pouco apoio de outros pesquisadores de universidades do seu estado. “Foi a partir do apoio da Embrapa que eu consegui apresentar meu projeto de embalagem biodegradável. Depois disso, fundei o instituto ‘Leva Ciência’ para disseminar a ciência entre crianças e adolescentes”, relatou.

Mudança de realidade

Felipe CaetanoFelipe Caetano trabalhou dos 8 aos 12 anos em uma barraca de praia do Ceará. Ao assistir à palestra de um procurador do Ministério Público do Trabalho, soube o que era trabalho infantil e resolveu atuar para evitar que outras crianças tivessem o mesmo fim. No entanto, de acordo com ele, a primeira luta foi travada dentro da própria casa. “Foi complicado convencer minha mãe, meu padrasto e meus tios, todos com pouco estudo e que também foram vítimas de trabalho infantil, de que aquilo era errado e que todos tínhamos sido vítimas”, contou.

Agora ele pretende continuar lutando pela extinção dessa prática no Brasil e, principalmente, para que a mensagem chegue ao público certo: as crianças e os adolescentes brasileiros. Para continuar a sua luta, ele ousou voltar a sonhar e, dessa vez, quer ser procurador do trabalho. O jovem aproveitou o evento para entregar uma carta dos Comitês pela Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil com sete sugestões à Justiça do Trabalho para fortalecer a luta.

Preservação

Txai SuruíAtuando para preservar o meio ambiente e os direitos dos povos indígenas, Txai Suruí se disse muito feliz por ter sido escolhida pelo TST como fonte de inspiração para outros jovens. “A luta nunca foi uma escolha na minha vida. Meus pais são ativistas, e eu segui pelo mesmo caminho para preservar a natureza, que não é apenas um recurso natural, mas parte da minha vida”, destacou ao receber o prêmio.

A jovem de Rondônia foi a única brasileira a discursar na Conferência sobre Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas, realizada em 2021 em Glasgow, na Escócia.

Dia de inspiração

Estudantes com ministro Lelio Bentes Corrêa nas atividades voltadas para o público jovem

A turma de 150 estudantes do Centro Educacional Médio nº 2 de Sobradinho chegou cedo ao TST para participar de ações variadas. Os alunos aprenderam mais sobre a importância do combate ao trabalho infantil e a existência dos programas de aprendizagem e de estágio e receberam orientações sobre como montar currículos. Também tiveram noções de capacitação profissional e empregabilidade por meio de oficinas de robótica, além de conhecer mais sobre programas como Sisu, Prouni, Fies e Enem.  

A estudante Raíssa Dias ficou muito animada com as atividades, pois queria fazer seu primeiro currículo. “Quero ser jovem aprendiz, mas não consigo fazer meu currículo sozinha”, disse. 

“Conhecer esse espaço, conhecer os juízes e ter acesso a palestras e a conhecimentos diferentes é bem proveitoso para todos. Essas atividades vão trazer muito conhecimento e muita inspiração”, enfatizou a professora de sociologia Francilane Gomes, que acompanhava a turma. As atividades realizadas para os jovens estudantes tiveram como parceiros o Sesi, o Senai, o Sest Senat e o Centro Salesiano do Aprendiz (Cesam).
 
Veja o vídeo da cerimônia:

 

(Juliane Sacerdote/ Dayanne Vieira/CF)

Média

(0 Votos)



Com informações do Tribunal Superior do Trabalho

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.