A juíza-ouvidora do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávia Martins de Carvalho, participou da programação da Central Flipinha, espaço dedicado às crianças, famílias e educadores da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) no Rio de Janeiro.
A juíza, que também é autora de obras infanto-juvenis, falou sobre o tema “Trajetórias que os livros movimentam” e debateu sobre seu livro “Meninas sonhadoras, mulheres cientistas”. A publicação conta em versos a história de 20 mulheres brasileiras que se destacam nas diferentes áreas da ciência.
A escritora Sofia Mariutti também integrou a mesa. “A ideia desse livro foi de construir e dar às meninas referências que pudessem ampliar a imaginação delas, para que possam se ver como cientistas, construtoras de outras realidades e ocupantes de espaços historicamente ocupados por homens”, contou Flávia.
No bate-papo, a juíza falou ainda sobre o projeto STF na Escola, que fez parte do programa educativo desta 22ª edição da Flip. Estudantes de quatro escolas de Paraty participaram da atividade, nos dias 10 e 11 de outubro, quando foram levados a refletir sobre cidadania, democracia e a Constituição Federal. Flávia contou ao público da Flipinha sobre o contexto em que foi criado o projeto pelo STF. “Após o 8 de janeiro, quando houve o ataque às instituições democráticas, a gente percebeu que só havia um caminho para que aquilo ali nunca mais se repetisse, que era construir uma educação em direitos, cidadã. Imagina que você está na escola e tem eleição para representante de turma. Se você não ganha, você vai sair quebrando a escola toda? Os estudantes sempre respondem que não. É dessa forma que a gente mostra que na democracia é preciso respeitar as regras”, explicou a ouvidora.
Ao final do encontro, foram distribuídos ao público kits do STF na Escola, com uma sacola, uma caneca e a cartilha “Uma aventura com a Constituição”. Dayse Ane Caetano, que assistiu à conversa na Flipinha, fez questão de pegar duas cartilhas para levar para a escola municipal onde leciona, em Angra dos Reis. Ela trabalha com crianças entre cinco e seis anos. “Eu adorei saber desse projeto e peguei as cartilhas porque quero estudar um pouco para ver como posso abordar esses temas com as crianças. É uma maneira de eu ajudar na formação desses pequenos cidadãos”, disse a professora.
Gilmara Kiria, articuladora comunitária em Paraty, comentou que viu a palestra do STF na escola pública estadual do Rio de Janeiro CIEP – Centros Integrados de Educação Pública, uma das quatro instituições em que o projeto esteve presente nos dias da Flip. Ela veio ao bate-papo na Flipinha porque queria registrar como tinha sido importante a passagem do projeto por lá. “Os nossos alunos estão perto de concluir o ensino médio e, neste momento, precisam decidir o que vão fazer da vida. A presença de uma juíza negra na nossa escola, falando sobre direitos, foi especial porque aumentou as perspectivas deles. Eles saíram com brilhos nos olhos”, relatou Gilmara.
(Andréa Lemos)
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