Servidores, colaboradores do Supremo Tribunal Federal (STF) e seus convidados assistiram, nesta segunda-feira (4), ao monólogo teatral “Hannah Arendt – Uma Aula Magna”. Na abertura, o presidente da Corte, ministro Luís Roberto Barroso, destacou que a peça funciona como um alerta oportuno sobre os efeitos corrosivos da desinformação, da manipulação dos fatos e da mentira sistemática — temas que permeiam o pensamento da filósofa alemã que inspira o espetáculo.
“É uma peça que nos ajuda a refletir: uma causa que dependa da desinformação, do ódio ou da mentira para prosperar, venha ela de onde vier, de qualquer espectro político, não pode ser uma causa justa”, afirmou Barroso, no palco da Sala Martins Pena, no Teatro Nacional. “Acima das ideologias estão a integridade e a boa-fé, que devem preceder qualquer escolha política”, acrescentou o ministro, pouco antes de ceder o espaço a Eduardo Wotzik, autor, diretor e intérprete do monólogo.
“É um prazer ‘baixar aqui’”
Wotzik dá corpo e voz a Arendt, como se a filósofa — uma das mais influentes do século XX — estivesse viva em 2025. “É um prazer baixar aqui”, diz a personagem, que intercala exposições teóricas e provocações ao público, construindo uma ponte entre passado e presente e estimulando a reflexão sobre as formas atuais de violência política, conformismo moral e o apagamento da responsabilidade individual diante de sistemas opressivos.
Em cena, o ator aproxima a teoria da “banalidade do mal” — desenvolvida por Arendt a partir do julgamento do nazista Adolf Eichmann — de decisões que, por exemplo, precederam o rompimento da barragem de Brumadinho, em 2019, ou das que levaram à escalada da violência e do sofrimento civil na Faixa de Gaza. Ao longo da peça, surgem ainda reflexões sobre a diferença entre ensinar e educar as futuras gerações, bem como sobre o papel do Estado na proteção das liberdades individuais.
Ao final da apresentação, aplaudido de pé pela plateia, Wotzik agradeceu e declarou: “Acho que a arte tem poder, e nós, juntos, podemos fazer o mundo melhor”. Em seguida, dedicou a peça “a todos aqueles que um dia foram ou algum dia serão vítimas da ignorância”.
(Gustavo Aguiar/AD)