Histórias e experiências inspiradoras marcaram, na manhã desta quinta-feira (4), as 12 apresentações da 2ª Edição do STF Inspira, que teve como tema “Construindo o amanhã”. O objetivo do projeto é compartilhar trajetórias de vida e aprendizados com base nos valores da Constituição Federal de 1988.
Cada palestrante despertou reflexões importantes sobre temas sociais, ambientais, políticos, educacionais, de saúde e muito mais — incluindo até mesmo o luto.
A democracia vale a pena – ministro Flávio Dino
O ministro analisou a Praça dos Três Poderes sob os aspectos político, democrático e arquitetônico e destacou que a democracia, para cumprir seu papel, deve ser capaz de promover o bem-estar de todas as pessoas, que, por sua vez, precisam reconhecer seu valor. “Esse é um teste diário de legitimação”, afirmou.
Transmissão de valores às novas gerações – Flávia Martins
A juíza-ouvidora do Supremo compartilhou suas experiências na coordenação do projeto “STF na Escola”, que visita escolas de ensino médio e fundamental de todo o país para transmitir valores essenciais para que crianças e adolescentes possam incorporá-los e reproduzi-los em suas relações sociais. “O futuro é ancestral, mas os ancestrais de amanhã somos nós. Então, precisamos transmitir valores para a construção de um futuro melhor”, assinalou.
Inclusão – Fabíola Claro
Colaboradora do STF e integrante do projeto de digitalização de processos, Fabíola Claro compartilhou, numa palestra em Libras, os desafios de ser mulher surda no cotidiano, no trabalho e como mãe solo. Ela destacou a realidade dos 2,7 milhões de brasileiros surdos e o dado de que menos de 1% trabalha formalmente, reforçando a urgência de remover obstáculos para o exercício pleno de seus direitos.
O ser humano e a IA – Natacha Oliveira
Responsável pela introdução da inteligência artificial no Supremo e primeira mulher a liderar a Secretaria de Tecnologia e Inovação do STF, Natacha Oliveira ressaltou a importância do papel humano na utilização da ferramenta. Ela disse que, no ano passado, o Poder Judiciário recebeu cerca de 38 milhões de novos casos, o que torna imprescindível o apoio da tecnologia.
O que te inspira? – Cintia Beatriz
Servidora, escritora e mentora de mães solo, Cintia Beatriz refletiu sobre desigualdade de gênero e violência contra a mulher e enfatizou a força das mães solo e a necessidade de reconhecer o papel feminino na sustentabilidade da sociedade. Cintia também alertou para a superficialidade das relações na era digital, lembrando que redes e algoritmos são usados para acessar fraquezas e acentuar a divisão e a solidão.
Superação – Bruno Moura
Primeiro fotógrafo com síndrome de Down do STF, Bruno compartilhou sua trajetória marcada por terapias, educação inclusiva e atividades físicas, além do apoio fundamental de professores. “Hoje trabalho no STF com muito orgulho, sou feliz e grato, e todos os dias procuro dar o meu melhor. Trabalhar aqui foi um marco que mudou minha vida”, disse.
Sonho supremo – Cleusa Vasconcelos
Administradora, atriz, comunicadora e servidora do STF, Cleusa Vasconcelos contou que nasceu em Ceilândia, filha de migrantes que vieram construir Brasília e começou como trabalhadora doméstica. Ainda jovem, enviou uma carta aos constituintes de 1988 em que defendia um futuro com democracia, liberdade de expressão, Sistema Único de Saúde e voto para os jovens. Hoje, trabalha no STF, guardião da Constituição.
Do cárcere à cátedra – Cícero Alves
Cícero passou mais de nove anos na prisão em Alagoas por um crime que não cometeu e, a partir dessa experiência, fundou o Instituto Fênix, que há mais de três anos atua na recuperação de vidas e na redução da criminalidade, com foco especial na juventude. Agora, está inaugurando o primeiro restaurante e uma padaria social formados exclusivamente por ex-presidiários.
Legado – Ana Cláudia Quintana
Médica geriatra e paliativista e escritora, Ana Cláudia Quintana encerrou o ciclo de apresentações com uma reflexão sobre dignidade e finitude da vida. Ela lembrou que a finitude é inevitável e que pensar sobre isso ajuda a valorizar a vida.
A natureza e suas próprias leis – André Trigueiro
O jornalista compartilhou suas experiências em viagens por lugares como Amazônia, Pantanal, sertão da Bahia e Rio Grande do Sul, abordando questões ambientais urgentes e preocupações relacionadas ao clima, queimadas, desmatamento e pontos de não retorno. “Somos parte do problema e precisamos ser parte da solução”, afirmou. “Ser ativista não é apenas reclamar que o rio está sujo, mas sim agir para limpá-lo. Sejamos todos ativistas”, finalizou.
Arte traduz – Jô Freitas
Escritora, poeta e finalista do Prêmio Jabuti, Jô Freitas realizou intervenções poéticas ao longo das apresentações, entrelaçando as narrativas com sensibilidade. Sua participação trouxe reflexões sobre desigualdades sociais, submissão feminina, sonhos e superações, ressaltando a potência da arte como forma de traduzir vivências e despertar consciências.
(Edilene Cordeiro e Ingrid Negrão//CF)