PORTARIA MTUR Nº 14, DE 7 DE MARÇO DE 2022

Consolida e atualiza as regras e condições a serem observadas pelos prestadores de serviços de transporte turístico de superfície terrestre nacional e internacional.

O MINISTRO DE ESTADO DO TURISMO, no uso das atribuições que lhe confere o art. 87, parágrafo único, incisos II e IV da Constituição Federal, e tendo em vista o disposto no art. 29, da Lei nº 11.771, de 11 de setembro de 2008, resolve:

Art. 1º Esta norma consolida e atualiza as regras e condições a serem observadas por todos os prestadores de serviços de transporte turístico de superfície terrestre internacional, interestadual, intermunicipal, metropolitano e municipal.

CAPÍTULO I

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 2º Transporte de passageiros com finalidade turística é o serviço prestado em caráter eventual, para realização da atividade de turismo durante o trajeto ou no destino final de uma viagem.

Parágrafo único. Para efeitos do disposto nesta Portaria, considera-se:

I – atividade turística: aquela realizada por pessoas físicas durante viagens e estadas em lugares diferentes do seu entorno habitual, por um período inferior a um ano, com finalidade de lazer, negócios ou outras, em consonância com o disposto no art. 2º da Lei nº 11.771, de 17 de setembro de 2008; e

II – roteiro turístico: o itinerário caracterizado por um ou mais elementos que lhe conferem identidade, definido e estruturado para fins de planejamento, gestão, promoção e comercialização turística.

Art. 3º Na prestação dos serviços de que trata esta Portaria, deverão ser observados os tratados, as convenções e os acordos internacionais dos quais o Brasil seja signatário, além das demais legislações pertinentes, notadamente as normas de transporte turístico de passageiros e de acessibilidade relativas ao tema expedidas pelo Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – SINMETRO, Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – INMETRO e Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.

Art. 4º Os veículos utilizados na prestação do serviço de que trata esta Portaria deverão atender integralmente aos requisitos de emissões de gases e de ruídos estabelecidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA.

CAPÍTULO II

DOS SERVIÇOS DE TRANSPORTE TURÍSTICO DE SUPERFÍCIE TERRESTRE

Seção I

Das Modalidades e dos Tipos de Veículo

Art. 5º A prestação de serviço de transporte turístico de superfície terrestre nacional e internacional poderá ocorrer nas seguintes modalidades:

I – pacote de viagem;

II – passeio local;

III – traslado; e

IV – especial.

Art. 6º Na modalidade “pacote de viagem”, os serviços de transporte turístico de superfície terrestre só poderão ser oferecidos por meio dos seguintes tipos de veículo:

I – ônibus, desde que atendidos os critérios de segurança estabelecidos para o veículo pelos órgãos reguladores de transporte, em suas respectivas esferas;

II – microônibus, desde que atendidos os critérios de segurança estabelecidos para o veículo pelos órgãos reguladores de transporte, em suas respectivas esferas;

III – utilitário, desde que o percurso entre o ponto de partida e o de chegada ocorra dentro dos limites geográficos do estado, do município ou da região metropolitana de origem da viagem, e, neste caso, que o trecho não seja interestadual; e

IV – automóvel, desde que o percurso entre o ponto de partida e o de chegada ocorra dentro dos limites geográficos do estado, do município ou da região metropolitana de origem da viagem, e, neste caso, que o trecho não seja interestadual.

Art. 7º Na modalidade “passeio local”, os serviços de transporte turístico de superfície terrestre só poderão ser oferecidos por meio dos seguintes tipos de veículo:

I – ônibus, desde que atendidos os critérios de segurança estabelecidos para o veículo pelos órgãos reguladores de transporte, em suas respectivas esferas;

II – microônibus, desde que atendidos os critérios de segurança estabelecidos para o veículo pelos órgãos reguladores de transporte, em suas respectivas esferas;

III – utilitário, desde que o percurso entre o ponto de partida e o de chegada ocorra:

a) dentro dos limites geográficos do estado, do município ou da região metropolitana de origem da viagem, desde que o trecho não seja interestadual; e

b) até os municípios vizinhos com o quais o município de origem do passeio possua divisa territorial, desde que o trecho não seja interestadual.

IV – automóvel, desde que o percurso entre o ponto de partida e o de chegada ocorra:

a) dentro dos limites geográficos do estado, do município ou da região metropolitana de origem da viagem, desde que o trecho não seja interestadual; e

b) até os municípios vizinhos com o quais o município de origem do passeio possua divisa territorial, desde que o trecho não seja interestadual.

Art. 8º Na modalidade “traslado”, os serviços de transporte turístico de superfície terrestre só poderão ser oferecidos por meio dos seguintes tipos de veículo:

I – ônibus, desde que atendidos os critérios de segurança estabelecidos para o veículo pelos órgãos reguladores de transporte, em suas respectivas esferas;

II – microônibus, desde que atendidos os critérios de segurança estabelecidos para o veículo pelos órgãos reguladores de transporte, em suas respectivas esferas;

III – utilitário, com capacidade para bagagem e pelo menos três portas, quando necessário, desde que o percurso entre o ponto de partida e o de chegada ocorra:

a) dentro dos limites geográficos do estado, do município ou da região metropolitana de origem da viagem, desde que o trecho não seja interestadual; e

b) até os municípios vizinhos com o quais o município de origem do passeio possua divisa territorial, desde que o trecho não seja interestadual.

IV – automóvel, desde que o percurso entre o ponto de partida e o de chegada ocorra:

a) dentro dos limites geográficos do estado, do município ou da região metropolitana de origem da viagem, desde que o trecho não seja interestadual; e

b) até os municípios vizinhos com o quais o município de origem do passeio possua divisa territorial, desde que o trecho não seja interestadual.

Art. 9º Os serviços de turismo na modalidade “especial” só poderão ser oferecidos por meio dos seguintes tipos de veículos:

I – ônibus, desde que atendidos os critérios de segurança estabelecidos para o veículo pelos órgãos reguladores de transporte, em suas respectivas esferas;

II – microônibus, desde que atendidos os critérios de segurança estabelecidos para o veículo pelos órgãos reguladores de transporte, em suas respectivas esferas;

III – utilitário, quando o percurso for realizado em área urbana conurbada, desde que atendidos os critérios de segurança estabelecidos para o veículo pelos órgãos reguladores de transporte, em suas respectivas esferas; e

IV – automóvel, quando o percurso for realizado em área urbana conurbada, desde que atendidos os critérios de segurança estabelecidos para o veículo pelos órgãos reguladores de transporte, em suas respectivas esferas.

Art. 10. As transportadoras turísticas poderão comercializar diretamente com o contratante (pessoa física ou jurídica), sem a intermediação de uma agência de turismo, apenas a modalidade “especial” de serviço de transporte turístico de superfície terrestre.

Seção II

Do Registro e das Características dos Veículos

Art. 11. O serviço de transporte turístico de superfície terrestre, em todas as suas modalidades, só pode ser prestado por transportadoras turísticas e por agências de turismo com frota própria, devidamente cadastrados no Cadastro dos Prestadores de Serviços Turísticos do Ministério do Turismo – Cadastur.

Art. 12. Todos os veículos das agências de turismo com frota própria e das transportadoras turísticas utilizados para a prestação dos serviços definidos no art. 2º desta Portaria, deverão, obrigatoriamente:

I – ser registrados no Cadastur; e

II – observar o disposto no art. 36 do Decreto nº 7.381, de 2 de dezembro de 2010.

Art. 13. Os veículos das agências de turismo com frota própria e das transportadoras turísticas utilizados para a prestação dos serviços definidos no art. 2º desta Portaria poderão ser dos seguintes tipos:

I – ônibus;

II – microônibus;

III – utilitário; e

IV – automóvel.

Art. 14. Para se cadastrarem no Cadastur, as agências de turismo com frota própria e as transportadoras turísticas deverão obrigatoriamente possuir, no mínimo, um dos veículos elencados no art. 16.

Art. 15. Os veículos do tipo “ônibus” devem atender às especificações de segurança estabelecidas pelo CONTRAN e possuir, no mínimo, as seguintes características:

I – tipo rodoviário;

II – corredor central de circulação;

III – assoalho com placas, passadeiras plásticas ou carpete;

IV – sanitário a bordo com exaustão e sinal indicativo de ocupação, para aqueles com mais de 30 lugares;

V – ar condicionado;

VI – equipamento de sonorização com microfone;

VII – poltronas individuais reclináveis;

VIII – descanso para os pés; e

IX – luz de leitura individual.

Art. 16. Os veículos do tipo “microônibus” devem atender às especificações de segurança estabelecidas pelo CONTRAN e possuir, no mínimo, as seguintes características:

I – corredor central de circulação;

II – assoalho com placas, passadeiras plásticas ou carpete; e

III – ar condicionado.

Art. 17. Os veículos do tipo “utilitário” devem possuir, no mínimo, as seguintes características:

I – quatro portas; e

II – ar condicionado.

Art. 18. Os veículos do tipo “automóvel” devem possuir, no mínimo, as seguintes características:

I – quatro portas; e

II – ar condicionado.

Art. 19. Todos os veículos deverão, obrigatoriamente, possuir o selo Cadastur afixado em local visível ao público.

Art. 20. O prestador do serviço que mantiver contato com o público deverá:

I – apresentar-se, quando em serviço, adequadamente uniformizado e identificado;

II – conduzir com atenção e urbanidade; e

III – dispor de conhecimento das informações acerca do serviço, de modo que possa prestar informações acerca de horários, passeios, visitas a locais de interesse turístico, itinerário, tempo de percurso, distâncias e opções de alimentação e hospedagem, quando for o caso.

Art. 21. Sem prejuízo do disposto na legislação de trânsito e correlata, os motoristas são obrigados a:

I – dirigir o veículo de modo a não colocar em risco a segurança e o conforto dos passageiros;

II – não movimentar o veículo sem que estejam fechadas as portas e as saídas de emergência;

III – auxiliar o embarque e o desembarque de crianças, de pessoas idosas ou com dificuldade de locomoção;

IV – identificar o passageiro no momento do seu embarque e indicar seu assento, caso solicitado;

V – proceder à carga e descarga das bagagens dos passageiros nos locais em que não houver pessoal próprio para tal atividade;

VI – não fumar em recinto coletivo fechado, público ou privado;

VII – não dirigir o veículo sob a influência de álcool ou qualquer substância tóxica;

VIII – não se afastar do veículo quando do embarque e desembarque de passageiros;

IX – prestar à fiscalização os esclarecimentos que lhe forem solicitados;

X – exibir à fiscalização, quando solicitado, ou entregá-los, mediante recibo, os documentos que forem exigíveis;

XI – não retardar o horário de partida da viagem, traslado ou passeio, sem justificativa; e

XII – observar o atendimento preferencial para passageiros com deficiência e mobilidade reduzida.

Seção III

Das obrigações

Art. 22. Os prestadores dos serviços de que trata esta Portaria serão diretamente responsáveis perante o Ministério do Turismo e seus usuários por quaisquer serviços que venham prestar ou ajustar, mesmo aqueles executados por terceiros por eles selecionados ou contratados.

§ 1º Os prestadores deverão executar os serviços oferecidos na qualidade, no preço e na forma em que forem mencionados em qualquer promoção ou divulgação realizada, ainda que não consignados nos contratos ou acordos.

§ 2º Os prestadores deverão providenciar aos passageiros, no caso de interrupção ou cancelamento do serviço a que tiver dado causa, o ressarcimento de eventuais despesas realizadas, sem prejuízo de multas e penalidades previstas nos acordos e contratos firmados.

§ 3º O ressarcimento consiste em satisfazer as necessidades imediatas do passageiro, gratuitamente e de modo compatível com a estimativa do tempo de espera, contados a partir do horário de partida originalmente previsto, nos seguintes termos:

I – superior a uma hora: disponibilização de meios comunicação, tais como telefones, aparelhos com acesso à internet, dentre outros;

II – superior a duas horas: alimentação adequada; e

III – superior a quatro horas: acomodação em local adequado, traslado e, quando necessário, serviço de hospedagem.

§ 4º O transportador poderá deixar de oferecer serviço de hospedagem para o passageiro que residir na localidade de origem.

§ 5º Os acordos e contratos firmados deverão atender à Política Nacional do Turismo e especificar:

I – a modalidade de transporte turístico de superfície terrestre a ser prestada, nos termos em que dispõe o art. 28 da Lei nº 11.771, de 2008;

II – a descrição completa do roteiro ou itinerário a ser percorrido e de suas possíveis alternativas;

III – o tipo de veículo a ser utilizado e sua respectiva classificação; e

IV – o preço total dos serviços adquiridos e suas condições de pagamento.

Art. 23. Nos casos de interrupção ou retardamento da viagem, passeio ou traslado, a que tiver dado causa, o prestador do serviço e o condutor do veículo, deverão:

I – providenciar outro transporte para os passageiros, no caso de interrupção da viagem, traslado ou passeio, e a emissão de documento de responsabilidade do prestador do serviço para efeitos de ressarcimento de despesa realizada pelo passageiro em decorrência da paralisação ou cancelamento do serviço; e

II – providenciar assistência aos passageiros, inclusive de alimentação e/ou acomodação, nos casos de interrupção da viagem, traslado ou passeio sem possibilidade de prosseguimento imediato.

Seção IV

Das Denúncias e Reclamações

Art. 24. As denúncias e reclamações quanto ao cumprimento de contratos e outros compromissos, desde que não sanadas pela empresa contratada, deverão ser realizadas aos órgãos de defesa do consumidor no Estado em que o serviço foi prestado ou no Distrito Federal, se for o caso.

Art. 25. As denúncias e reclamações quanto ao cumprimento do disposto nesta Portaria deverão ser feitas perante os órgãos de turismo delegados pelo Ministério do Turismo no Estado em que o serviço foi prestado ou no Distrito Federal, se for o caso.

Parágrafo único. Complementarmente ao disposto no caput deste artigo, as denúncias e reclamação poderão ser endereçadas à Plataforma integrada de Ouvidoria e Acesso à Informação do Governo Federal.

Seção V

Da Fiscalização, Penalidades e Recursos

Art. 26. A fiscalização dos serviços será exercida pelo Ministério do Turismo ou por intermédio de seus órgãos delegados.

Art. 27. As penalidades e recursos serão aplicados conforme o disposto na, no , além de outras normas que vierem a ser editadas para tal finalidade.

Art. 28. Para fins de fiscalização do Ministério do Turismo, o prestador de serviço deverá, obrigatoriamente, portar a documentação que comprove a contratação do serviço turístico, com a identificação do contratante, dos passageiros e do itinerário.

§ 1º Serão aceitos como documentação comprobatória da contratação dos serviços:

I – voucher;

II – contrato; ou

III – nota fiscal.

§ 2º No documento que comprova a contratação dos serviços, deverá constar:

I – nome completo e número de CPF, caso o contratante seja pessoa física brasileira;

II – nome completo e número do passaporte, caso o contratante seja pessoa física estrangeira;

III – razão social e número do CNPJ, caso o contratante seja pessoa jurídica brasileira; e

IV – razão social e número do CNPJ da contratada.

§ 3º A identificação das pessoas transportadas ocorrerá por meio de um dos seguintes documentos:

I – certidão de nascimento, para crianças e adolescentes;

II – carteira de identidade (RG);

III – cédula de identidade de estrangeiro – CIE (RNE), respeitados os acordos internacionais firmados pelo Brasil;

IV – identidade diplomática ou consular;

V – carteira nacional de habilitação (CNH);

VI – carteira de identidade emitida por conselho ou federação profissional, com fotografia (OAB, Crea e outras);

VII – carteira de trabalho;

VIII – passaporte nacional;

IX – passaporte estrangeiro;

X – cartões de identificação expedidos pelos Poderes Judiciário e Legislativo federal ou estaduais;

XI – documento expedido por órgão do Poder Executivo federal ou subordinado à Presidência da República;

XII – outro documento legal de viagem, resultado de acordos internacionais firmados pelo Brasil; e

XIII – o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas – CPF.

CAPÍTULO III

DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 29. Os casos omissos e interpretações de situações especiais na prestação dos serviços de que trata esta Portaria observar-se-ão as disposições da Leis nº 11.771, de 17 de setembro de 2008, dos Decretos n.º 7.381, de 02 de dezembro de 2010, e 2.521, de 20 de março de 1998, das Resoluções ANTT n.º 3.871, de 01 de agosto de 2012 e 4777, de 06 de julho de 2015, das Resoluções do Conselho Nacional de Trânsito – CONTRAN, além de outras que forem pertinentes.

Art. 30. Ficam revogadas a:

I – Portaria MTur N° 312, de 03 de dezembro de 2013; e

II – Portaria MTur n° 119, de 11 de junho de 2014.

Art. 31. Esta Portaria entra em vigor e produz efeitos em 30 de março de 2022.

GILSON MACHADO GUIMARÃES NETO

Diário Oficial da União

Posts Similares

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.