No Mês da Mulher, servidoras do Judiciário discutem participação feminina em talk show promovido pelo STJ
\”Devemos buscar um Estado Democrático de Direito eficiente e fraterno, em que cada instituição exerça o seu papel com a participação maciça das mulheres, dignificando as ações públicas e privadas em favor da prosperidade global\”, declarou nesta quinta-feira (11) o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Conselho da Justiça Federal (CJF), ministro Humberto Martins, durante a abertura do talk show Mulheres que Inspiram. O evento virtual foi promovido como parte da programação especial do tribunal dedicada ao Mês da Mulher.
Em sua fala, o presidente da corte reafirmou o compromisso pessoal e institucional com a luta pela igualdade de oportunidades entre mulheres e homens. \”O Judiciário deve refletir a mesma pluralidade existente na sociedade brasileira\”, enfatizou.
Para Humberto Martins, além do sistema judicial, a plena e efetiva presença feminina na vida pública deve ser assegurada em todas as esferas de tomada de decisão. \”O protagonismo das mulheres e as suas conquistas ao longo da história contribuem para a construção de instituições mais sólidas\”, destacou o ministro.
Não terceirizar
O talk show Mulheres que Inspiram, promovido com o objetivo de sensibilizar as mulheres sobre suas competências e sobre como alcançar a realização pessoal e profissional, teve como convidadas a deputada distrital Júlia Lucy e as servidoras do STJ Fernanda Zago e Thais Nerys, que apresentaram histórias de superação.
A deputada, que é servidora do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e tem apresentado diversas propostas para facilitar a integração das mulheres no ambiente de trabalho, disse que se sentiu compelida a participar da política exatamente pela falta de representação feminina no Legislativo. Um estudo internacional indica que o Brasil ocupa apenas a 152ª posição em representação feminina no mundo político. \”Mulheres devem se conscientizar de sua responsabilidade democrática e não terceirizar a responsabilidade política\”, ressaltou.
Moradora da periferia do Distrito Federal quando jovem, ela foi mãe aos 17 anos, conquistou uma vaga no serviço público aos 18 e se formou em ciência política na Universidade de Brasília.
Júlia Lucy disse ter levado sua experiência de servidora pública para o Legislativo. \”Não tenho compromisso com reeleição e tento servir o máximo de pessoas todo dia.\” A parlamentar afirmou que, neste momento de pandemia, o Judiciário tem sido um exemplo e ficado ao lado da população. \”Tenho visto situações dramáticas de mães solteiras que precisam trabalhar e deixam os filhos em casa sozinhos, pois as creches e escolas ainda estão fechadas.\”
Júlia fundou a Rede Liga Delas, projeto que capacita mulheres em situação de vulnerabilidade social, e é autora do livro Manual do Candidato de Primeira Viagem – Do anonimato ao mandato. Atualmente, viaja pelo Brasil motivada a convencer as mulheres sobre a importância de ingressarem na política.
Moda democrática
Thais Nerys passou no concurso para o CNJ, mas foi aproveitada no STJ. \”Eu continuei estudando para concursos, mas, em 2018, resolvi focar em um assunto que sempre me interessou, que era a moda. Eu via que a moda era algo opressor, consumista e que excluía certas pessoas.\” Nessa mesma época, ela engravidou e ficou sem saber se conseguiria realizar todos os seus projetos. Para Thais, esse dilema é muito comum entre as mulheres. \”O STJ é um ambiente privilegiado, pois me deu a chance de retornar ao trabalho com calma, especialmente após minha gravidez, que foi de risco.\”
Em seu blog, Deixa Florescer, ela estimula práticas de consumo consciente, empoderamento e manutenção da autoestima. \”Eu acredito que a moda deve ser democrática e passar uma mensagem sobre a pessoa, seja no âmbito pessoal ou no profissional.\”
Reinventar-se
Fernanda Zago sofreu uma lesão na medula aos 16 anos e, desde então, tornou-se cadeirante. \”Meu plano inicial era morar em Belo Horizonte e estudar lá. Porém, por necessitar de cuidados específicos, eu tive que me reinventar e fiz faculdade em Unaí, a cidade onde morava com minha mãe.\” Fernanda afirmou que sempre teve \”uma vontade irritante\” de viver e continuou lutando para ter uma vida independente. \”Comecei a participar de uma associação para pessoas com deficiência em Unaí, e isso me deu uma aprendizagem imensa.\”
Em 2012, Fernanda Zago tomou posse no STJ. \”Isso foi uma grande realização, e agradeço aos colegas e chefes por terem me recebido e apoiado.\” Ela conta que sofreu situações de preconceito, por ser mulher e pela deficiência, mas, no STJ, o ambiente tem sido acolhedor. Hoje, a servidora mantém na internet o site (d)Eficiente, que visa apoiar e dar voz a pessoas com todo tipo de deficiência. \”Acho que políticas de acessibilidade e equidade de gênero devem ser implantadas no Judiciário e em todas as áreas da administração pública\”, opinou.
Agenda 2030
O STJ está comprometido com a Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas, e tem pautado suas ações no alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), fazendo as escolhas necessárias para melhorar a vida das pessoas, agora e no futuro. As informações desta matéria estão relacionadas ao ODS 5. Igualdade de Gênero – Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas.