Lidera aí: Inteligência artificial pode ser ferramenta para o Poder Judiciário

O tema da Inteligência artificial como ferramenta de gestão abriu os trabalhos do segundo dia do Lidera aí. Participaram do painel o juiz federal do TRF da 1ª Região, Rafael Paulo, e o diretor de Informática do STM, Ianne Barros.

O magistrado deu um panorama sobre as possibilidades de uso da inteligência artificial, desde as tarefas mais simples, como responder mensagens eletrônicas, até a replicação de decisões judiciais recorrentes. Segundo o palestrante, a ideia é tornar a máquina um cérebro eletrônico, uma adaptação semelhante à asa do avião que imita o voo do pássaro ou as nadadeiras que fazem o mesmo para imitar o movimento dos peixes.

Durante a palestra, Rafael falou sobre os benefícios da IA para contribuir com a produtividade e a eficiência no trabalho, como a análise de grandes volumes de dados estatísticos, otimização dos processos judiciais e a redução do tempo de espera no Judiciário. Um exemplo de uso da IA no Judiciário como facilitação do acesso à justiça foi o trabalho do TRF da Bahia em emitir certidões via aplicativo de mensagens. Outra utilização possível é submeter documentos em PDF à IA e fazer perguntas sobre informações presentes no texto, como data de nascimento de um réu específico, devolvendo rapidamente respostas que, pela leitura humana, seria bastante demorado.

Como requisitos para implantação do modelo de IA no Judiciário, o magistrado citou a transparência – como a IA trabalha e quais as etapas do processo – e uma política de proteção de dados. Rafael lembrou que a liderança tem um papel fundamental nessa implementação, mostrando que essa tecnologia é uma oportunidade e que a IA não é algo tão distante da nossa realidade, mas é uma ferramenta a mais que irá processar, com mais rapidez e eficiência, dados que já estão ao nosso redor.

Autorresponsabilidade e saúde mental

“As pessoas estão cada vez mais frágeis emocionalmente e os líderes não sabem o que fazer com isso”, declarou Julia Gianzanti. Consultora em saúde mental e coaching, a conferencista afirmou que saúde mental continua sendo um tabu. E isso pode ser confirmado por números.

Segundo Júlia, 24% dos trabalhadores já precisaram se afastar do trabalho por estresse, mas menos da metade dos afastamentos tiveram registros relacionados à saúde mental. O motivo: 37% dos respondentes afirmaram não se sentirem confortáveis em assumir para os colegas de trabalho ou para a empresa que tinham problemas relacionadas à saúde mental.

Outro número relevante apresentando pela consultora é que 55% dos colaboradores sentem medo de tirar dias de folga para cuidarem de sua saúde mental. Ao mesmo tempo, pesquisa da Organização Internacional do Trabalho (OIT) indica que 42% dos brasileiros já sofreram assédio moral, um problema que atinge diretamente o campo emocional.

“A gente adora ser parte da solução, mas a gente não quer assumir que também é parte do problema”, afirmou ao falar da necessidade de o líder desenvolver um tipo de accountability pessoal.  Utilizada normalmente como “prestação de contas”, a especialista relaciona o termo à ideia de autorresponsabilidade e a que define da seguinte forma: “É a capacidade de reconhecer e assumir seus comportamentos e impactos nas situações que enfrenta e gerar soluções e mudanças necessárias a partir do repensar das próprias ações”.

Júlia também falou sobre um conceito que está diretamente relacionada à accountability: o de segurança psicológica no ambiente de trabalho. Numa pesquisa feita pela professora Edmondson (Harvard), ela descobriu que, numa primeira abordagem de campo, as equipes de alta performance pareciam errar mais. Numa nova coleta de dados, a pesquisa revelou o motivo do paradoxo: nas equipes de alta performance, as pessoas estão mais à vontade e seguras para falar de seus próprios erros.

Como lembrou Júlia, as equipes optam muitas vezes por esconderem fragilidades e erros – evitando a autorresponsabilidade – para se manterem numa zona de conforto e correrem menos riscos. Para reverter esse quadro, Júlia propõe os quatro aspectos da segurança psicológica: inclusão e diversidade; disponibilidade para ajudar; conversas abertas; atitude em relação aos riscos e fracassos. A conclusão da especialista é que se há alta accountability e alta segurança psicológica, o ambiente é maduro e saudável.

Liderança inspiradora

Para a juíza Ana Cristina Monteiro Silva (TRF-4), é necessário fomentar a confiança mútua entre os membros de uma equipe, pois o ambiente de trabalho se constrói por meio da colaboração. Propósitos e valores compartilhados podem ajudar as equipes a ter mais coesão e a atravessar processos de mudanças, como destacou a palestrante. Uma das ferramentas indicadas para esse processo é o da comunicação.

Na palestra sobre Liderança Inspiradora, a magistrada acentuou, entre os valores a serem cultivados pelas lideranças, a admiração, afetividade, resiliência, empatia e inteligência emocional. “Para sermos bons gestores, precisamos antes de tudo sermos bons seres humanos”, afirmou, alertando que para se ter empatia é necessário combater o seu grande inimigo: a distração. Ela afirmou que, para ouvir o que o outro tem a nos trazer, é necessário estarmos focados e deixar de lado naquele momento tudo o que nos rouba a atenção, como os aparelhos celulares.

 

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Com Informações so Superior Tribunal Militar

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