Secretrio do Tesouro defende controle de gasto com pessoal nos estados


Primeiro expositor na audincia pblica que discute os conflitos federativos fiscais entre os estados e a Unio, na manh desta tera-feira (25), no Supremo Tribunal Federal (STF), o secretrio do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, afirmou que se os estados no controlarem o gasto com pessoal, no haver um ajuste fiscal.

Segundo ele, 14 estados gastam acima da 60% da Receita Corrente Lquida (RCL) com pessoal, violando o previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). O secretrio apontou que, mesmo depois da renegociao das dvidas dos estados com a Unio, nos anos 90, os investimentos pblicos nas unidades de federao caram, aumentando o gasto com pessoal e custeio. Frisou ainda que alguns estados no incluem os gastos com inativos na RCL.

Almeida lembrou que recentemente foram aprovadas leis que permitiram aos estados mais tempo para pagar a dvida com a Unio e reduziram o ndice da correo dos dbitos. “Na maioria dos estados, isso foi transformado em aumento salarial. O problema no a dvida, mas o gasto com pessoal”, reforou.

O secretrio salientou que, na renegociao da dvida dos estados, a Unio ficou credora e os entes da federao ficaram proibidos de lanar ttulos pblicos. Segundo ele, de 2001 a 2007, foram liberados dois bilhes por ano para os estados contrarem emprstimos com garantia da Unio. J de 2012 a 2014, foram R$ 130 bilhes, mais da metade com garantia da Unio para estados que no tinham notas que qualificassem para tanto.

Almeida explicou que o ministro da Fazenda podia desconsiderar a nota. “O governo federal e os estados falharam. O dinheiro foi usado para custeio, no para investimentos. Alm disso, houve escolhas equivocadas, como a construo de estdios em lugares sem um futebol forte e emprstimos para grandes empresas comprarem concorrentes”, apontou.

Respondendo a uma questo do ministro Luiz Fux, que convocou a audincia pblica, o secretrio destacou que o bloqueio feito pela Unio em contas estaduais por inadimplncia est previsto no contrato da renegociao da dvida e que corresponde contrapartida do governo federal nos emprstimos aos estados, mas defendeu que o melhor seria se a Unio no desse garantia nesses casos. A seu ver, o ideal que os estados contratassem diretamente esses emprstimos e houvesse um fundo gerido por eles para gerir o sistema de garantias.

Almeida ressaltou a necessidade da Reforma da Previdncia para fazer o ajuste fiscal. “No Brasil, as pessoas se aposentam muito cedo. A mdia de idade de aposentadoria no regime geral de 54/55 anos. O Brasil gasta com Previdncia 14% do PIB e est passando por envelhecimento muito rpido. Os gastos com Previdncia e sade vo aumentar”, ponderou.

O secretrio citou outras trs solues para tentar solucionar o problema: instrumentos para os estados fazerem ajuste fiscal, melhora da transparncia das contas e reestruturao das carreiras pblicas.


RP/RR

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