Para comemorar seus 130 anos, completados no dia 8 de agosto, a Biblioteca Ministro Victor Nunes Leal, do Supremo Tribunal Federal (STF), oferece aos cidadãos a digitalização da obra mais antiga do seu acervo: o livro “Orationi di M. T. Cicerone di latine fatte italiane. Diuise per i generi in giudiciali, deliberatiue, e dimostratiue”, do filósofo romano Cícero, editado em Veneza, Itália, em 1556.

Como objetivo de celebrar a data, será distribuído ainda um marcador de livros com QR Code para acesso à obra digitalizada. O livro é exemplar único da Rede Virtual de Bibliotecas, da qual o Supremo faz parte junto com outras 11 bibliotecas jurídicas do Distrito Federal. 

Não foram encontrados registros dessa edição em outras bibliotecas do Brasil, apenas em grandes universidades do mundo, como Yale (EUA) e as inglesas Cambridge e Oxford, em bibliotecas da Itália, além da British Library (Londres) e Biblioteca Nacional da França. Em Viena (Áustria), há um exemplar digitalizado.  

Renascimento

Marcus Túlio Cícero nasceu em Arpino em 106 a.C. e faleceu em 43 a.C. É considerado uma das mentes mais notáveis da Roma Antiga e sua obra é de grande relevância para o Direito no século XVI. Foi político, orador e escritor. Por sua eloquência, gerou modelos da arte oratória, na ética, e nas ciências jurídicas. No Renascimento, houve um reavivamento e popularização de sua obra, sobretudo com o desenvolvimento da tipografia renascentista.   

O exemplar da Biblioteca Ministro Victor Nunes Leal é formado por dois volumes, escrito em italiano, e que apresenta uma beleza tipográfica observada nas letras capitulares, corandel e reclamo. A obra é impressa em pergaminho.  

Segundo registros do jurista e professor Jorge Amaury Nunes, falecido recentemente, a obra de Cícero virou “referência cuja vida ultrapassou as barreiras normais do ser humano”. O professor afirmava que ainda se fala de Cícero na atualidade em razão de seu comportamento de honra.

Dos discursos políticos que compõem a coleção, os principais são: Pro Roscio Amerino (80 a.C.), no qual Cícero demonstra pela primeira vez sua habilidade como advogado de defesa e sua antipatia por Sula; VII in Verrem (sete discursos contra Verres – 70 a.C.), em que critica o governo corrupto de Verres, defendendo as reinvindicações populares; e Pro lege Manilia ou De imperio Gnaei Pompei (66 a.C.), no qual defende a proposta do tribuno Manilio de entregar a Pompeu o comando das forças romanas contra Mitridates.

\"\"Digitalização

Devido à encadernação justa, que impede a abertura da publicação em 180 graus, e à fragilidade do papel de quase quinhentos anos, digitalizar a obra nos scanners planetários da biblioteca parecia inviável. Em fevereiro de 2021, no entanto, duas servidoras – Amanda de Melo Gomes e Talita Daemon James – se uniram para criar uma solução para a digitalização. 

A ideia era utilizar a tecnologia do scanner para geração das imagens digitais sem que fosse necessário submeter o livro à pressão do vidro que faz parte do equipamento. Assim, foram confeccionadas placas acrílicas para planificar as páginas sem que houvesse abertura demasiada das páginas.

Em decorrência da pandemia, apenas em junho de 2021 a digitalização pôde ser iniciada e foi realizada em duas etapas, cada uma com foco em uma das faces (direita e esquerda) da publicação, sempre contando com duas pessoas para a atividade. 

Edição

A edição das imagens também foi diferente do processo tradicionalmente utilizado pela equipe: as imagens passaram por uma pré-edição em software específico para edição de imagens para ajuste de alinhamento e perspectiva, e depois pelo processo de edição de PDF.

A consolidação em arquivo único foi feita sem automatização e verificada por seis revisoras (as servidoras Talita Daemon James, Fabiana Oliveira Feitosa, Andréia Cardoso Nascimento, Luiza Galo Pestano, Amanda de Melo Gomes e a estagiária Ana Carolina Novaes de Mendonça), que participaram da conferência da obra antes de sua disponibilização em ambiente digital.

O objetivo da Secretaria de Altos Estudos, Pesquisa e Gestão da Informação do STF, responsável pela Biblioteca, é tornar a obra acessível e preservá-la com essa digitalização histórica para futuras gerações.   

Para conhecer a obra, basta acessar o link no Repositório Digital, no portal do STF.

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Fonte STF

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