Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), autoridades dos Três Poderes, servidores e convidados participaram, nesta segunda-feira (8), da abertura da exposição “Após 8 de janeiro: Reconstrução, Memória e Democracia”, na sede do Tribunal, em Brasília. O início da solenidade foi marcado por um minuto de silêncio em memória aos atos que vandalizaram a sede dos Poderes da República.
“Estamos aqui para manter viva a memória do episódio que remete ao país que não queremos. O país da intolerância, do desrespeito ao resultado eleitoral, da violência destrutiva contra as instituições. Um Brasil que não parece com o Brasil”, disse o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do STF e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Destruição
O ministro Barroso narrou, em seu breve discurso, o momento em que chegou ao Tribunal, acompanhado da então presidente, ministra Rosa Weber, quando se deparou com o cenário de barbárie, empreendido por falsos patriotas que não respeitam os símbolos da Pátria e falsos religiosos que não cultivam o bem, a paz e o amor. “Desmoralizaram Deus e a bandeira nacional. O que assistimos aqui foi a mais profunda e desoladora derrota do espírito”, disse.
Barroso frisou que os responsáveis estão sendo processados, na forma da lei, pelos crimes que cometeram: tentativa de golpe de Estado, de abolição violenta do Estado democrático de direito e a depredação do patrimônio público, entre outros delitos.
Reconstrução
A resposta do Tribunal, disse o presidente do STF, não veio com palavras, mas com ação. Ele relembrou que, em meio a toda a destruição, sobressaiu o dedicado trabalho de dezenas de servidores e colaboradores na reconstrução não apenas do Plenário, mas de todo o edifício-sede. Trabalho que propiciou que no dia 1º de fevereiro fosse realizada regularmente a sessão solene de abertura do Ano Judiciário.
Citou ainda o meticuloso processo de restauração de parte do acervo histórico e artístico da Corte, além da criação de pontos de memórias com as marcas da violência, inclusive com peças que não puderam ser restauradas, como forma de reflexão sobre a gravidade do atentado. Momentos que serão revividos na exposição “Reconstrução, Memória e Democracia”.
Pacificação
Segundo o ministro, no 8 de janeiro o país constatou as consequências dramáticas da incivilidade, dos discursos de ódio e da desinformação. É hora, contudo, de fazer diferente e retomar os ideais iluministas e civilizatórios da Constituição de 1988. disse. “Precisamos viver a verdadeira pacificação da sociedade, em que pessoas que pensam de maneira diferente possam se sentar à mesma mesa e conversarem, com respeito e consideração, sem ofensas ou desqualificações. Em busca das melhores soluções para um país melhor e maior. O Brasil merece”.
Resistência
O 8 de janeiro, para a ministra Rosa Weber, que presidia a Corte quando dos ataques, se consolida como uma marca indelével na história da democracia constitucional do país. A tristeza, o desconsolo e a indignação que sentiu ao constatar a devastação se transformaram paulatinamente em satisfação e energia diretamente proporcionais diante da reação das instituições, “numa prova incontestável de que a autoridade das instituições democráticas não está nos prédios, e sim no espírito que as anima”, afirmou.
Para a ministra, a data há de constituir sempre o dia da infâmia, mas com a face da resistência da democracia constitucional, que restou inabalada, e deixa como lição a necessidade do cultivo da democracia constitucional pelo incentivo ao respeito, ao diálogo, à tolerância e a convivência pacífica dos que têm visão de mundo diversa. “É preciso cultivar o jardim da democracia na defesa intransigente e no fortalecimento das instituições”.
SP/RM