Com o objetivo de trazer uma reflexão sobre os ataques de 8 de janeiro, o Museu Sepúlveda Pertence do Supremo Tribunal Federal (STF) inaugurou, na noite desta quarta-feira (9), a exposição “Toda vez que se fura uma obra, muitas outras surgem”. Na cerimônia de abertura, o vice-presidente da Corte, ministro Luís Roberto Barroso, destacou os 35 anos de estabilidade institucional e a resiliência das instituições brasileiras, que superaram aquele “momento dramático”.

Participam da exposição artistas que representam a diversidade da população brasileira, principalmente segmentos silenciados na representação oficial: as populações negras e indígenas. A mostra é promovida pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), com a curadoria da historiadora e antropóloga Lilia Schwarcz e da procuradora da República Fabiana Schneider.

Mesmo ideal

Segundo Barroso, o Brasil precisa viver a pacificação e, para isso, é necessária a criação de uma agenda comum que congregue todas as pessoas em um mesmo ideal, ainda que com diferentes visões de mundo. Nesse mesmo ideal, segundo ele, está a dignidade da pessoa humana e o respeito aos valores constitucionais.

Refloramento

“A democracia tem lugar para liberais, progressistas e conservadores, só não tem lugar para intolerância e para aqueles que não gostam de conviver com o outro, com o diferente, com o contrário, com a diversidade”, afirmou o ministro. “A batalha que aconteceu aqui, na verdade, resultou num refloramento da democracia brasileira. A Justiça é um ideal que não se destrói nunca”.

Defesa concreta

O presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), Ubiratan Cazetta, ressaltou que a defesa da democracia se faz por símbolos e por atos concretos, e a arte provoca não apenas uma discussão jurídica, mas possibilita a sensibilidade, “dando voz a todos os setores da sociedade”.

Poder simbólico

Para a antropóloga Lilia Schwarcz, trata-se de uma convocatória de artistas negros e negras, indígenas e LGBTQIAPN+ de várias regiões e de várias gerações. A ideia é que a exposição emocione e lide com o afeto à democracia. “A democracia é, por definição, um regime incompleto, e a incompletude é o seu desafio, mas é também a sua beleza”, disse, ao ressaltar que acredita na “eficácia política do poder simbólico”.

Diversidade

De acordo com a procuradora Fabiana Schneider, essa foi uma iniciativa ousada de trazer para a linguagem das artes um tema tão importante. “O espaço tem diversidade grande e artistas que conquistaram seu espaço e que aqui trazem a sua voz: mulheres, indígenas e negros”, observou.

Dia Internacional dos Povos Indígenas

Para Daiara Tucano, uma das artistas convidadas, ocupar esse espaço dentro das artes faz parte da luta de seu povo. “É o reconhecimento de todos os nossos direitos, da nossa humanidade, e de poder afirmar, através da arte, que democracia é respeitar a vida que está na floresta, que está nos rios, que está em todos os nossos povos”, disse. Daiara salientou que democracia é defender a biodiversidade e a diversidade cultural, e só será plena quando todos forem incluídos. “A arte também faz parte da construção da democracia”, finalizou, ao lembrar que hoje, 9 de agosto, é o Dia Internacional dos Povos Indígenas.

Serviço

Exposição: “Toda vez que se fura uma obra, muitas outras surgem”
Dia: de 9/8 a 14/8
Local: Museu do Supremo Tribunal Federal

EC//CF

 

Com informações do STF

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